Quando o turismo e a solidariedade se tocam
À primeira vista pode haver a tentação de pensar que esta
realidade é característica de países afastados do nosso universo mais próximo
mas aparentemente não é bem assim.
Foi recentemente lançado em Portugal uma agência de viagens com
um conceito pioneiro que pretende, de acordo com a sua fundadora, Rita Marques ”promover
experiências turísticas alternativas que combinam o turismo e o voluntariado no
sentido de descobrir Portugal de forma diferente e com um impacto social e
ambiental positivo”. Assim, “da combinação da viagem com o voluntariado nasce
este conceito turístico inovador: O Turismo Solidário”.
Um conceito inovador e que se destina a um segmento jovem. Trabalhando
em parceria com instituições de solidariedade, o projeto aposta em quatro tipo
de experiencias (natureza, praia, cidade e mergulho) e seis vertentes de
voluntariado (crianças, animais, deficiências físicas, pobreza, meio ambiente e
combate à fome e desperdício de comida).
Os programas sugeridos incluem a vertente social aliada ao
destino escolhido, promovendo um Portugal diferente, que não está direcionado para
o turismo de massas.
Não deixa de ser um pouco controverso pois não estamos habituados
a pensar em Portugal desta forma. No entanto o projeto nasce da boa vontade de
duas empresárias portuguesas que avançam com este conceito depois viajarem pelo
mundo conhecendo melhor as suas carências a nível local.
Mas desta nova forma de vender turismo em Portugal, destaca-se
também uma tendência do turismo por cá, possivelmente devido à nossa grande
hospitalidade. Cada vez mais os turistas são convidados a fazer parte do nosso dia-a-dia,
participando das nossas atividades. Das primeiras vezes que se levou este
conceito mais a sério foi quando se promoveu a participação nos turistas na
vindima e na produção do vinho, rapidamente surgiram aldeias que começaram a
receber os estrangeiros, integrando-os nas suas rotinas diárias, ensinando-lhes
um pouco mais sobre a origem dos produtos e sobre uma vida mais saudável. Aparece
agora o turismo solidário, uma forma diferente de participar na vida da
comunidade ao mesmo tempo que se estimula a partilha de ideias e a ajuda aos
mais carenciados.
Não sendo turismo de massas não arrastará multidões, algo
que pode ter consequências negativas pois afeta a realidade diária de quem reside
nestes locais. No entanto as mentalidades poderão não estar devidamente
preparadas para ver chegar gente de fora, com regras e costumes diferentes, que
já não estão só a aprender mas passaram a ter opinião sobre o que se passa por
cá e a poder interagir.
Poderá ser um caso de sucesso ou poderá servir como uma
experiencia, evoluindo depois para outros patamares de desenvolvimento.
Seja o que for, o Turismo e a solidariedade devem ser
estimulados para andar a par, tal como o respeito por outros povos, pela sua
cultura e forma de viver.
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