Meu querido mês de agosto





Agosto não é o mês de viajar, é antes a altura ideal para ficar em Portugal e conhecer melhor esta terra que é nossa. Para viajar sobram 11 meses, agosto é o mês de todas as emoções por cá, por isso vale a pena ficar e viver intensamente este mês.




 

Em agosto o tempo está bom para a praia e mesmo que num dia ou noutro não esteja, aproveite e vá à descoberta.


 

Em agosto os emigrantes regressam. Para além do cruzamento de línguas que nos arrancam sorrisos e nos fazem lembrar da “Gaiola Dourada”, filme muito recente de Ruben Alves e que retrata deliciosamente a vida dos emigrantes em França, trazem na sua bagagem muitas saudades da terra e muita vontade de aproveitar ao máximo os poucos dias que passam por cá. Aprenda com eles e vá também à descoberta.

 

Mas os emigrantes trazem mais, sendo muitos deles já a segunda e terceira geração, trazem amigos e familiares de outras bandas, estrangeiros recebidos de braços abertos e que ajudam no regresso a casa, a promover Portugal lá fora.




 

Em agosto os turistas não abrandam, antes pelo contrário, estão por todo o lado e isso não é mau. Já chegaram aos pequenos meios rurais ajudando a animar a vida que se perde por lá, investem comprando casas e são simpáticos demonstrando intensão de se integrarem. E isso também não é mau, devemos aproveitar pois a partilha de culturas é sempre uma mais-valia e o investimento não pode ser desprezado.



 

Em agosto as pequenas terras ganham uma nova vida, as ruas ganham gente, as casas arejam o cheiro a bafio por estarem fechadas 11 meses e os miúdos voltam a jogar à bola na rua, correndo em bandos como no tempo da nossa infância, falando uma cacofonia de línguas, entendendo-se por gestos e porque têm vontade de o fazer.





 

Em agosto o centro da vida muda-se de Lisboa e do Porto para as pequenas aldeias, vilas e cidades e para melhor receber as gentes recém chegadas preparam-se festas e actividades, para que pelo menos agosto nunca morra e ajude a aquecer o resto do ano, tão frio nestas terras, devido à falta de gente, à falta de vida.


 

Por todo o lado existem festas animadas, muita música popular portuguesa, bailaricos à antiga de braço dado com festivais de verão e discotecas ao ar livre, quermesses com prémios que nos fazem sorrir mas é por uma boa causa, é para ajudar a terra. Existe vinho a copo e minis, farturas, filhoses e café da avó. Vendas de artesanato e fogo-de-artifício. Os dias correm rápidos mas sobra tempo para reunir a família e conviver ao ar livre. Os jardins e quintais das animam-se de vida com roupa nos estendais e toalhas de praia na varanda. Valoriza-se de novo tudo o que parece ficar esquecido o resto do ano, em agosto as coisas simples da vida ganham uma nova dimensão e quem tem a felicidade de poder aproveitar volta a ser feliz com muito pouco.



 
 
Por tudo isto agosto não é mês para sair de Portugal, porque o nosso país, com toda a sua beleza natural, ganha uma nova vida neste mês. Aproveite e carregue baterias por cá afinal só volta a viver algo tão simples e contudo tão importante no próximo ano.





 
Fotos de São Martinho do Porto, Óbidos e Foz do Arelho

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