O mundo maravilhoso dos pássaros de ferro que andam no ar



Já olharam bem para um avião? Assim, mesmo ao pé dele, de baixo para cima como os aviões gostam que os humanos os olhem? E depois de os olhar não ficaram a pensar que apesar de todas as explicações racionais da física é espantoso como eles se deslocam no ar?

Mesmo que todas as justificações teóricas consigam arrancar a magia de qualquer pensamento eu gosto de imaginar que existe algo de fantástico nos aviões que se mantêm a voar. Comecei a pensar sobre este assunto quando os meus filhos eram pequenos e eu os ia buscar ao infantário. Não tem conta a quantidade de vezes que os levei a ver os aviões e que fiquei com eles a apreciar a arte daqueles pássaros de ferro, gigantes e avassaladores e contudo tão confortáveis no seu interior. Nós sabemos que para que tal seja possível acontecer tem de existir uma equipa fabulosa de trabalhadores, iguais a pequenas abelhas, atarefados nas suas obrigações, perfeitos na sua arte.
 
 
E contudo, apesar de ter muitos anos desta vida, foi há pouco tempo que vi uma oficina de aviões por dentro com aviões com as entranhas de fora, despidos de todos os apetrechos que lhe conferem as suas características únicas. E afinal debaixo de todo o conforto, a revestir o avião como se fosse uma camada protetora, existe um mundo de cabos, fios, plásticos, metais, milhares de tubos e centenas de materiais com ar robusto que o cobrem no seu interior e que lhe dão a capacidade de voar em segurança.
 

Entre a estrutura de metal no exterior e a camada de plástico no interior existe uma zona que confere vida a qualquer pássaro de metal e que assegura o nosso conforto sendo cada peça analisada ao detalhe para que no conjunto nada possa falhar.
 
 

Afinal o homem sempre sonhou em ser igual a um pássaro e poder voar, tinha inveja de não ter asas que lhe dessem a liberdade total. Com o passar dos tempos alguns foram mais longe nesse sonho, por exemplo Leonardo da Vinci apresentou ao mundo a sua visionária máquina voadora, o ornitóptero e aparentemente o primeiro ser humano a ser bem-sucedido terá sido Bartolomeu de Gusmão e o seu balão de ar quente - o voo da passarola que se levantou do chão durante alguns momentos em 8 de agosto de 1709 na corte de Dom João V de Portugal, em Lisboa.

Mas afinal, como pode um avião voar se aparentemente o grande obstáculo seria a necessidade de existir algum tipo de tipo de força que consiga vencer ou anular o seu peso?

Existem fundamentos físicos que explicam o que se passa, por exemplo, o formato do avião que permite criar uma aerodinâmica que ajuda a vencer a gravidade. E esta é a explicação mais simples, a partir deste ponto as justificações são mais complexas, sendo necessária muita paciência para conseguir compreender as forças que influenciam os movimentos do ar, a temperatura, entre múltiplos fatores.

Já em Portugal, a vontade de transformar um sonho numa empresa começou em 1945, quando no dia 14 de março é criada a TAP, ou mais detalhadamente a Secção de Transportes Aéreos. A empresa nasce pela mão de Humberto Delgado que era na altura diretor do Secretariado da Aeronáutica Civil e os primeiros aviões da TAP são dois DC-3 Dakota com capacidade para 21 passageiros.

No ano seguinte, são inauguradas as duas primeiras linhas aéreas: a primeira linha comercial Lisboa-Madrid abre a 19 de setembro de 1946 e a 31 de dezembro, é inaugurada a “Linha Aérea Imperial” que servia a rota Lisboa-Luanda-Lourenço Marques e que contaria com 12 escalas e cerca de 15 dias de duração (ida e volta). Depois segue-se Paris em 1948, Londres em 1949 e Sevilha em 1948. E depois o mundo mudou e nunca mais foi o mesmo, e a vida deixou de ser simples e a aviação seguiu esta tendência. Os aviões tomaram os céus de assalto, reclamando para si o poder de se manter no ar, chegou o Concorde para vencer a velocidade do som e os aviões com capacidade para mais de 500 passageiros para desafiar a imaginação de qualquer turista distraído.

O mundo mudou muito mas curiosamente quando vejo um avião a atravessar os céus ainda tenho a mesma sensação de quando era miúda, quando pensava que algo de magico os mantem no ar.

 

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