O segredo do fenómeno turístico dos festivais de música no verão



NOS ALIVE

Que o NOS Alive está de regresso ao Passeio Marítimo de Algés nos próximos dias 07, 08 e 09 de julho de 2016 já toda a gente ouviu dizer, e nem vale a pena enunciar quais as bandas que este ano vão estar no Festival pois de certeza que todos conseguem responder mais rapidamente do que eu consigo escrever.

São 10 edições de sucesso. O Festival nasceu em 2007 no Passeio Marítimo de Algés e pelos vários palcos do NOS Alive já passaram 747 atuações, distribuídas por mais de 430 horas de performances, contabilizando um total de 1.760.000 espetadores. Em cinco das suas nove edições o NOS Alive esgotou os bilhetes diários para um dos dias, bem como os passes de três dias, a mais de um mês de arranque do festival.

E ao longo dos últimos nove anos o crescimento do NOS Alive foi vertiginoso. Hoje é considerado um dos mais importantes festivais do mundo, sendo um marco de referência na agenda cultural e turística do País, graças aos fortes conteúdos que apresenta e que por consequência valorizam o destino Portugal.

Em 2015 foram vendidos 15 mil bilhetes no estrangeiro e para 2016, já foram vendidos 17.819. Até à data contabilizam-se 8.499 provenientes do Reino Unido, 5.237 de Espanha, 1.283 franceses, 542 italianos, 522 belgas, e os restantes provenientes de outras 58 nacionalidades, contabilizando-se já 63 nacionalidades. Os portugueses continuam a representar uma larga maioria dos festivaleiros presentes no evento.

De acordo com um estudo realizado em 2015 no recinto, elaborado pela Streaming Ideas, em parceria com o ISCSP, pode-se verificar que 64% do número de estrangeiros vem pela primeira vez a Portugal, sendo que 67% fica mais de cinco dias. Quanto ao alojamento, verificou-se que 60% optam por ficar alojados em Hotéis, Hostels ou apartamentos, 14% em parques de campismo e 6% em casas alugadas.

O NOS Alive tem sido pioneiro em vários itens: pórtico de entrada que é também um palco, zona exclusiva para grávidas, Plano Poupança, Palco Virtual com tecnologia holograma 3D, bilhete integrado (festival + comboio urbano), casas de banho de loiça com ligação à rede de saneamento, Palco Comédia, parceria inédita entre a música e a ciência através das Bolsas IGC e é o primeiro festival a ser transmitido em multiplataformas com três janelas em direto através da RTP Online.

E por aqui já passaram nomes como Arctic Monkeys, Beastie Boys, Bem Harper, Bob Dylan, Coldplay, Dave Mathews Band, Deftones, Depeche Mode, Disclosure, Faith no More, Foo Fighters, Jane’s Addiction, Linkin Park, Metallica, Muse, Mumfords & Sons, Neil Young, Pearl Jam, Primal Scream, Radiohead, Rage Against The Machine, Sam Smith, The Prodigy, The Smashing Pumpkins, The Cure, The Black Keys, The Prodigy, The Stone Roses, White Stripes, 30 Seconds to Mars, 2 Many DJs, entre muitos outros.

O que possivelmente menos gente sabe é que o NOS Alive voltou a vencer pela quarta vez consecutiva o prémio “Escolha do Consumidor”, na categoria "Festivais Urbanos", tendo para isso garantido a satisfação do público relativamente às condições e segurança no recinto, cartaz, ambiente e acessos.

E que numa parceria inédita, o NOS Alive associou-se ao IGC através da atribuição de bolsas para jovens cientistas. As bolsas NOS Alive-IGC tiveram início em 2008 e foram já atribuídas a 12 jovens. Os bolseiros das edições anteriores continuam a desenvolver projetos de investigação científica, quer em centros de investigação Portugueses (incluindo o IGC) quer no estrangeiro. Em 2015 o NOS Alive e o IGC alargaram pela primeira vez o seu raio de ação à área da investigação do Cancro.

E ainda que as Bolsas ES JOVEM / NOS Alive tiveram a sua primeira edição em 2014 e resultam de uma iniciativa conjunta da Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES) e da Everything Is New, com o intuito de premiar e valorizar jovens em fase de criação de projetos no âmbito da Economia Social. As duas edições das Bolsas ES JOVEM / NOS Alive permitiram apoiar um total de 25 jovens, que já contam com os seus projetos implementados no terreno.

Também não é cabeça de cartaz mas é uma realidade que a Oeiras Invest se associou, no ano de 2015, à Everything is New e em conjunto lançaram um concurso que teve como objetivo premiar projetos inovadores no domínio da Economia Social, tendo premiado três projetos: Famílias com Alma: promovido pelo Centro da Sagrada Família – Fundação Obra Social das Religiosas Dominicanas Irlandesas. Este projeto nasceu de um movimento de recolha de alimentos para reforçar os cabazes alimentares já anteriormente fornecidos, mas fruto da análise e observação desta ação, concluíram que o apoio às famílias socioeconomicamente desfavorecidas não se esgota na entrega mensal de produtos alimentares, e alargaram o projeto no sentido de dar apoio noutras áreas, nomeadamente cuidados de higiene e saúde, apoio de material escolar, desenvolvimento pessoal e social.

Pictomed: promovido por duas jovens cujo objetivo é a criação de uma linguagem universal, através de pictogramas (em formato de autocolantes individualizados, que permitem uma indicação personalizada consoante a pessoa e a sua patologia) para facilitar o processo de toma dos medicamentos, permitindo ultrapassar barreiras de exclusão social, contribuindo para uma sociedade mais informada, independente e consequentemente mais ativa.

Seniores ativos: promovido pelo Centro Social e Paroquial de São Julião da Barra e cujo objetivo é a criação de uma estrutura dinâmica, situada no território, aberta a todos os munícipes do concelho de Oeiras e de fácil acesso (sem barreiras arquitetónicas).

O NOS Alive não fica por aqui, ao se preocupar com a situação económica do País, nomeadamente com a elevada taxa de desemprego jovem, não permite o voluntariado durante festival, sensibilizando os patrocinadores e parceiros a promoverem o emprego.

Destaque ainda para a iniciativa Zero Desperdício. Ao se voltar a associar ao movimento Zero Desperdício, durante os três dias do festival, irá procurar minimizar o desperdício alimentar e ajudar quem precisa. Toda a comida que, respeitando os parâmetros da ASAE, não for consumida durante os dias do NOS Alive, será recolhida e entregue a instituições de caridade do concelho de Oeiras.

E ainda, este ano o NOS Alive foi reconhecido com o selo 3R6, atribuído pela Sociedade Ponto verde, pela otimização das práticas de separação e encaminhamento dos resíduos produzidos durante o festival. Foram endereçadas para reciclagem perto de 20 toneladas de materiais, entre os quais papel/cartão, plástico, metal, vidro e madeira, o correspondente a 35% do total de resíduos produzidos na montagem, desmontagem e durante o evento.

E para o facto de 90% da energia consumida no NOS Alive ser energia verde (sem recurso a geradores de combustível fóssil), existindo apenas um gerador no Palco NOS.

Por fim, a política de sustentabilidade estende-se também aos patrocinadores e parceiros através da consciencialização das marcas para a distribuição de brindes não poluentes e reutilizáveis no pós-evento.

Agora é mais fácil perceber o segredo do sucesso não é? Por detrás do fenómeno musical, existe uma preocupação com as pessoas, e isso, mesmo que seja menos publicitado, passa para o público e ajuda a incrementar o sucesso do evento.

 

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