Festas de Verão – Foz do Arelho
Vamos sair da cidade por um bocado. Quem nasceu fora dos grandes
centros urbanos sabe que houve uma época em que as festas de verão estavam fora
de moda e os bailes organizados pelas associações recreativas das pequenas terras
eram só para os mais antigos, aqueles que ainda gostavam de dançar ao som das
modinhas tradicionais.
Quem frequentava estas festas era olhado de lado e a maior
parte deixou de ir porque estar “in” era ir dançar para as discotecas. Eu sou
dessa época e cresci com esta grande ambivalência dentro de mim. A prova disso
é que aprendi todas as danças tradicionais mas hoje nem me atrevo a por um pé
na pista de dança de um baile de aldeia para não ficar mal vista.
Felizmente uma nova era nasceu, em que se valoriza mais as tradições
e se respeita mais o gosto popular. Também as festas mudaram e procuraram
adaptar-se ao gosto dos mais jovens e hoje as festas de verão, a alegria do
ambiente do baile de rua, a mini, a bifana, as rifas e as farturas são novamente
apreciados pelos mais jovens. O renovar desta tradição trouxe também o renascer
da procura de outras celebrações como a participação na tradicional procissão religiosa
de domingo. Preparar os andores, vestir os trajes tradicionais, agradecer dádivas
e ver a banda passar voltou a reunir gente que se teria afastado das tradições
populares.
As festas de verão são a oportunidade de celebrar o regresso
de férias dos emigrantes e de convívio entre quem não se vê há muito tempo mas
são igualmente uma tradição católica (as festas de verão são sempre em honra de
um santo), com um forte cariz pagão (em todas as festas existe a mesma trilogia:
dançar, comer e beber).
A Foz do Arelho é exemplo de tudo isto. Hoje terminam as
minhas férias e encerram as Festas em honra de Nossa Senhora da Conceição. Já
não vou assistir ao fogo-de-artifício e fogo preso programado para encerrar os
festejos mas não posso deixar de partilhar as fotos da procissão de há poucas
horas atrás. Todos os anos me sinto arrebatada pelo silêncio de quem participa
e assiste, de todos os que devotadamente enfeitam as janelas com as suas
melhores colchas, da devoção de todos os que participam enquanto a procissão
passa pelas ruas da vila, a passo lento, só se ouvindo a banda a tocar.
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