Afinal o que é um blogger?

Cada vez somos mais não sentem isso? Estão a surgir de todos os lados, todos os dias, com variadíssimas abordagens da vida e normalmente com uma escrita suave e direcionada para jovens ou jovens adultos.
E agora para complicar ainda temos os Vloggers, nascidos da vontade de cada vez temos de ser mais rápidos na comunicação, de atingir as pessoas pelo imediato, pela surpresa, pelo poder da imagem.
Hoje ao almoço ouvi esta pergunta, feita por um jovem com alguma idade e que genuinamente não conseguia identificar este fenómeno que leva tanta gente a partilhar na web tanta informação, de forma voraz, avassaladora, carregada de imagens, de sentimentos, apelando à emoção, numa relação tão próxima com quem nos é tão distante.
 Mas afinal quem somos nós, os bloggers, estes comunicadores mais ou menos espontâneos que retiram horas de vida real para partilhar sentimentos ou simplesmente informação nas redes sociais? E porque nos alimentamos de gostos, de seguidores totalmente desconhecidos ou de pequenos prazeres como ouvir da boca de quem nunca vimos algo tão delicioso como “conheço perfeitamente o seu blog, gosto e costumo segui-lo”.
Não tenham fantasias, este não é um fenómeno novo, é um simples efeito da evolução, dos tempos modernos.
Quem se lembra do tempo das rádios piratas, onde me iniciei como jornalista e onde vivi os meses mais divertidos da minha vida, na extinta Radio Margem nas Caldas da Rainha, num tempo em que os dias duravam meses para nossa grande felicidade, sabe do que estou a falar. Esses sim foram tempos pioneiros em que a minha voz chegava diariamente a casa e a minha mãe chamava as vizinhas para ouvirem a filha a ler as notícias. Porque foram um sucesso as rádios piratas, de onde saíram grandes jornalistas e grandes comunicadores? Porque foram as primeiras a descobrir que o segredo do sucesso estava na proximidade com os ouvintes e na comunicação informal.
Os blogs estão hoje para a sociedade como na altura estavam as rádios piratas para as localidades e até que venha uma lei por ordem nisto, calar-nos a todos e só deixar vivos os que nasceram para sobreviver, esta forma de comunicar não vai desaparecer porque é a que está mais próxima das pessoas. Os bloggers são os vizinhos do lado, aquela prima que é tão bonita e boa rapariga ou o jovem que vive no terceiro direito e que é tão simpático. E hoje já são tantos que todos conhecem um blogger. Mas o mais importante é que se eles o dizem é porque é verdade, porque a relação de proximidade aproxima as pessoas conferindo assim credibilidade ao que é escrito. Numa outra fase, quando já se conquistaram todos os amigos, familiares e afins e a mancha de seguidores atinge um volume quase assustador, é o poder da escrita e da imagem de quem tem muitos seguidores, fazendo surgir os influenciadores nas compras e nas opções de vida.
Enquanto nos tempos saudosos das rádios piratas as marcas não perceberam o alcance deste fenómeno social sendo a sobrevivência ditada pela compra de publicidade ao amigo angariador, hoje em dia esta inocência perdeu-se estando as marcas bastante atentas aos fenómenos sociais e à procura de formas de chegar ao público. O grande impacto é assim ditado de um lado pelo público, que procura confiança e pelas marcas atentas a estes comportamentos. O que acontece pelo meio? Nós os bloggers criamos o mito de que esta é uma vida fantástica, super cor-de-rosa, repleta de cor e de purpurinas. E é mesmo assim? Não sei depende, diria que como tudo na vida tem dias….mas de algo eu tenho a certeza, ainda vou dizer, daqui a uns bons pares de anos, que durante o tempo que fui blogger vivi das fases mais giras da minha vida.
 
Texto dedicado a todos os que viveram intensamente os tempos das rádios piratas e que não entendem porque não existem blogs para os mais velhos.

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