Café Luso – Quando Não Conseguimos Escolher Entre Uma Boa Refeição e Excelente Fado

Esta semana começou mesmo bem com a celebração dos 90 anos do Café Luso, a estreia a sua nova Carta de Restaurante, com assinatura do Chef Aléxis Gregório e o 6.º aniversário da elevação do Fado a Património Imaterial da Humanidade (UNESCO). Todas estas emoções numa só noite, que reuniu no mesmo espaço verdadeiras lendas vivas do Fado e jovens cheios de qualidades musicais. Aqui a tradição nunca deixa de ser o que era!
Pergunta-me muitas vezes onde ouvir bom fado em Lisboa, seguindo a tradição dos últimos 90 anos, penso de imediato numa resposta - o Café Luso.
Os 90 anos cheios de energia e tradição do Café Luso não se devem só ao fado. A comida, que nasce da inspiração do Chef Alexis é saborosa e cheia de pequenos contrates que a tornam tão especial.
Tive oportunidade de experimentar um dos 7 menus disponíveis e que incluía Pão e Azeite, Camarão e Vieira de Coentrada, Frango no Forno à Travessa da Queimada, Batatas Assadas e Legumes Salteados e Pudim à Catedral (azeite, chouriço), Sorbet de Citrinos. O menu tem um custo por pessoa de 46€ com 30% de desconto na carta de vinhos. Contudo e porque o Café Luso procura disponibilizar uma oferta variada, é ainda possível escolher um prato da nova carta ou no caso de chegar mais tarde, petiscar enquanto ouve cantar o Fado. 
Esta casa de fados é uma senhora de respeito. Nasceu em 1927 sendo a mais antiga em Lisboa. Ao longo dos anos viveu na beleza austera do espaço abobadado das antigas adegas pertencentes ao Palácio Brito Freire (séc. XVII) mas nunca se afastou do seu conceito original. É um espaço socialmente consentâneo e de referência para fruir um dos mais importantes veículos culturais da nossa tradição oral cantada, aquilo que é o fado. Destaque ainda para o elenco de músicos que se caracteriza por ser intergeracional.
Na passada segunda-feira estiveram presentes artistas que deram um contributo decisivo ao espaço, nomeadamente, Maria Amélia Proença, Celeste Rodrigues, Julieta Estrela, Florinda Maria, Julieta Reis, Deolinda Maria, Cidália Moreira, António Rocha (aclamado Rei do Fado menor em 1959), João Casanova, Fernanda Pinto, Odete Rosa, entre muitos de diferentes gerações.
Ao longo de todos estes anos passaram por aqui outros grandes nomes como Amália Rodrigues que em 1955 o primeiro disco de fado ao vivo no Café Luso; Alfredo Marceneiro que se consagrou Rei do Fado no Café Luso em 1948; Berta Cardoso que integrou o elenco entre 1936 e 1940; Cidália Moreira que aqui gravou um disco ao vivo e Celeste Rodrigues que aos 94 anos ainda aqui atua às sextas-feiras e sábados.
Precisamos de pouco para ser felizes em Lisboa, uma amena noite embalada por excelente música portuguesa e envolvida numa refeição de qualidade pose ser o suficiente para nunca mais esquecer, querendo regressar.






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