Festival Terras sem Sombra começa em Fevereiro no Alentejo


A 14ª edição do Terras sem Sombra foi apresentada recentemente na Embaixada da Hungria em Portugal. A Hungria assume um papel, como protagonista, nesta edição onde são também convidados os Estados Unidos da América e Espanha. O Festival começa a 17 de Fevereiro em Vila de Frades apresentando uma viagem ao conhecimento através da música.

 Este ano, o número de eventos aumenta, para dez, com a incorporação de novos concelhos, como Barrancos e Elvas, e o regresso a Mértola e à Vidigueira. Assim, os municípios visitados em 2018 são Vidigueira, Sines, Santiago do Cacém, Ferreira do Alentejo, Odemira, Serpa, Mértola, Barrancos, Elvas e Beja.

  As temáticas de valorização do património e da salvaguarda da biodiversidade ganham mais relevo nesta edição, com uma programação que abre as portas de Quintas, Conventos, Moinhos, Adegas e Herdades entre outros locais de património material e imaterial propondo um novo olhar e oferecendo uma perspectiva inovadora do território. Através da colaboração com diversas associações, proprietários, universidades, entre outras entidades locais, foram elaborados dois programas cuja finalidade é chamar a atenção da opinião pública para as fragilidades e oportunidades do Baixo-Alentejo

A programação de música conta com cinco concertos “centro-europeus” que são complementares. Dois deles estendem laços afectivos e musicais a Portugal: num, sublinham-se as relações entre algumas obras do compositor Fernando Lopes-Graça e as canções populares húngaras em que se inspirou, pondo lado a lado, com a garantia interpretativa da Academia Liszt, artistas lusos e húngaros; no outro, o de Vena Piano Trio, a pianista, Andrea Fernandes, é portuguesa e colabora com a Ópera de Budapeste, ao passo que a violinista e a violoncelista, Erzsebet Hutas e Kamila Słodkowska, são, respectivamente, húngara e polaca. Associa-se a este concerto o compositor Eurico Carrapatoso, partilhando o programa com Kodály e Chopin. O Coro de Câmara Vaszy Viktor, oferece um repertório de música sacra, do século XIX aos nossos dias. Quanto aos dois concertos restantes, o protagonismo recai sobre a Academia Liszt: um resulta da participação de alunos finalistas, oriundos de todos os países do Grupo de Visegrád, que interpretam obras de compositores afins, mormente Dvorák, Janácek, Chopin e Kodály; o concerto final é dedicado à música contemporânea húngara, apresentando peças de Kurtág, Bartók e Eötvös a par das de mestres das novas gerações. Por sua vez, o pianista Artur Pizarro dedica o seu concerto a Liszt e a um dos grandes discípulos e amigos do virtuoso maestro húngaro, José Vianna da Motta. Esta sólida relação húngaro-portuguesa vê-se reforçada  pelo concerto do Ludovice Ensemble (Barrancos), sob a direcção de Fernando Miguel Jalôto.

O concerto da jovem pianista americana Pauline Yang – que aos 11 anos já dera um recital no Carnegie Hall, de Nova Iorque, é uma peregrinação por obras-primas do piano. De Espanha, chega-nos um invulgar concerto de órgão, trombeta histórica e percussões, pelo trio formado por Vicente Alcaide, Abraham Martínez e Alvaro Garrido. Além de tudo isto, um concerto realizado em co-produção com a Universidade Autónoma de Madrid evoca o Canto corso, que tantas semelhanças apresenta com o Cante alentejano, trazendo a Beja o ensemble vocal Barbara Furtuna. Trata-se do primeiro fruto de um protocolo pioneiro, estabelecido entre o festival alentejano e o Centro Superior de Investigación y Promoción de la Música daquela universidade.

Para quem não conhece ainda este festival vale a pena mergulhar a fundo para descobrir este conceito tão inspirador.

O Terras sem Sombra nasceu para dar a conhecer um território de identidade impar. A integração da música, do património e da biodiversidade fazem deste projeto uma experiencia que ajuda a transmitir conhecimento e memória. Sob o formato de uma temporada, o festival decorre em diversos concelhos da região, revelando o que há de mais fascinante nos municípios que visita, dos centros históricos às áreas rurais, da vida selvagem às tradições locais.

Cada fim de semana de programação caracteriza-se por explorar no concelho percorrido os três pilares em que assenta este evento. Assim, nas tardes de sábado, o Terras sem Sobras abre as portas de espaços habitualmente fechados ao público, através de uma visita guiada por conhecedores ao património edificado: os concertos programados realizam-se também aos sábados, à noite, em igrejas e outros monumentos que sobressaem pelo valor patrimonial e pelas condições acústicas. E nas manhãs de domingo, o Festival promove ações piloto de salvaguarda da biodiversidade. Estas iniciativas permitem que os voluntários colaborem em atividades simples.

Os concertos e demais atividades são de acesso livre, dentro dos condicionalismos impostos pela preservação dos monumentos e sítios visitados.

  


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