Restaurante Páteo Velho em Alenquer
Saindo pela A1, a pouco mais de 40 minutos de carro de
Lisboa descobrimos um mundo completamente novo. Um dos encantos de Portugal é
precisamente este, aqui nada é longe e a diversidade merece lugar de destaque.
Se esta é uma realidade embora ainda pouco explorada por
quem nos visita, acho que o segredo mais bem guardado do mundo são os fantásticos
restaurantes que encontramos em pequenos lugares e vilarejos, mesmo no meio do
campo e que se apresentam com uma qualidade digna de destaque.
Foi com estes pensamentos em mente que parti à descoberta do
Páteo Velho, em Atalaia, Alenquer. Esta é uma empresa familiar de restauração e
catering com mais de 20 nos e uma ampla experiencia neste campo. Vencedor de
vários prémios de gastronomia regional, a sua nova imagem e a nova carta aguçou
a minha curiosidade para conhecer melhor este restaurante.
Apresenta-se agora com um novo conceito que pretende
valorizar os produtos da região, nomeadamente os vinhos. “Pretendemos que a
nossa garrafeira seja uma montra dos vinhos do concelho, que as pessoas poderão
apreciar no restaurante mas também poderão adquirir por um preço justo para o
produtor e para o consumidor” afirma Milá Veloso, proprietária do Páteo Velho.
Após três meses de encerramento para preparar o novo conceito,
o restaurante acaba de reabrir com ambiente renovado mas com as mesmas características
da cozinha tradicional portuguesa a preços acessíveis, conduzido agora pela mão
do novo Chef José Mártires, uma jovem promessa da região, que já passou pela
cozinha de restaurantes como Bica do Sapato, 100 Maneiras em Lisboa, e o Praia D´El
Rey Marriot Golf & Beach Resort em Óbidos.
Uma das especialidades da casa são os petiscos, não se iniba
em partilhar umas entradas, provando um pouco de tudo, saltando o prato
principal e passando direto para as sobremesas. O ambiente informal permite
isso tudo. Prepare-se para uma carta que só tem porco preto que vem de fora,
tudo o resto é comprado a pequenos produtores locais.
Tive oportunidade de experimentar manteiga chouriço e ervas aromáticas
e azeite com alecrim acompanhado de pão de trigo da região, pão de sementes e
tostas de milho que estavam deliciosas.
Os ovos rotos, as línguas de bacalhau, as batatas crocantes fritas e o
polvo também estavam ótimos mas o que não podem deixar de experimentar (esforcem-se
para guardar um bocadinho de apetite e de espaço no estomago) é a Cataplana de Tamboril.
Já comi inúmeras cataplanas e na minha opinião o desafio, para além do tempero,
é conseguir deixar o peixe no ponto certo, em que lasca naturalmente sem deixar
o resto dos alimentos mal cozinhados ou um pouco em papa. O tempero, o sabor, o
tempo de preparação e a qualidade do peixe e mariscos estava sem dúvida excelente.
Para encerrar um pijama de doces, com o Pudim de Nozes
regado com caramelo, Cheesecake de Frutos Silvestres, Toucinho-do-céu com Amêndoa
com Casca e o Petit Gateaux com Gelado de Nata competiram entre si mas eu não
consegui colocar nenhum deles em primeiro lugar. Aqui nota-se a influência da experiência
acumulada e executada ainda pela fundadora deste negócio, que com 80 anos ainda
coloca as mãos nos doces ajudando a dar um toque especial a este negócio
familiar.
A carta de vinhos que inclui 22 produtores da região e mais
de 60 variedades de vinho é da responsabilidade de João Carvalho, um
vitivinicultor da região que tem também com produção própria.
A refeição foi acompanhada por uma variedade muito
interessante e pouco conhecida de vinhos da região, alguns de características únicas
oriundos de castas que estiveram em vias de extinção. Uma experiencia única, de
vinhos que ainda não alcançaram a projeção de regiões como Dão ou o Alentejo mas
que aos poucos têm vindo a conquistar a sua fatia de mercado.
O outro fator bastante atrativo é o preço. Com vinhos a partir
de 5€ a garrafa e a possibilidade de poder adquiri-los se desejar, um incentivo
para os produtores locais, é possível descobrir vinhos excelentes, únicos no
paladar e aroma. Terei alguma dificuldade em destacar um em particular mas
confesso a minha surpresa com o Felix Rocha 2011, um espumante bruto bastante
bom. Confesso que adoro vinho espumante e fico satisfeita por esta ser cada vez
mais uma aposta na produção nacional, que embora não tenha uma grande tradição
consegue apresentar já no mercado espumantes excelentes para acompanhar
refeições ou degustar enquanto se prepara o palato para os petiscos de entrada.
O restaurante Páteo Velho funciona de terça-feira a
sábado ao almoço e jantar e domingo ao almoço. Fica localizado na Rua 25 de
Abril, nº25, Atalaia, Ventosa, Alenquer
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